Tenho trinta e quatro anos,um pincel e tinta vermelho-sangue.Sou toda sangue... de veias cortadase vinho tinto aprisionado
em garrafas de sorriso.
Tenho trinta e quatro anos,
minhas crianças (a que fui e a que tive)
foram extirpadas de mim.
A violência sou eu, sou eu a revolta
e também a esperança.
Tenho trinta e quatro anos
e hoje eu só preciso
da fumaça anestésica,
das tintas cor-de-sangue
e de sangue engarrafado.
Engarrafado, preso e contido
como meu sorriso largo
que ainda existe.